quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

As Duas Fontes da Moral e da Religião - Henri Bergson, 1932.

"A obrigação, que nos representamos como um laço entre os homens, começa por ligar cada um de nós a si mesmo." (...) 
"Um ser não se sente obrigado se não for livre, e cada obrigação, particularmente considerada, implica a liberdade."

"Toda a moral, pressão ou aspiração, é de essência biológica."

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Hamlet, Príncipe da Dinamarca, W. Shakespeare, 1604(?)

"Teu para sempre, senhora tão amada, enquanto a máquina deste corpo for minha, Hamlet" carta de Hamlet a Ofélia interceptada por Polónio

Polónio para Laertes: "Não dês língua ao teu pensamento nem concedas o seu acto ao pensamento desmedido. Sê simples, mas de modo nenhum vulgar. Prende ao teu amor com ganchos de aço os amigos cuja escolha experimentaste. Mas não calejes a tua mão acolhendo cada novo camarada que te surja. Teme entrar numa questão, mas tendo entrado, porta-te de forma a que teu opositor te tema. Dá a muitos o teu ouvido e a poucos a tua voz. Acolhe cada censura mas reserva o teu julgamento."


Hamlet para um actor: "Também não te deves dominar demais, mas deixa que a tua discrição seja o teu guia. Ajusta a acção com a palavra e a palavra com a acção; com um cuidado especial em não forçar a modéstia da natureza. Pois tudo quanto é exagerado se desliga do objecto próprio do teatro, cuja finalidade, tanto no começo como agora, foi e é, por assim dizer, erguer um espelho em frente à natureza; para mostrar à virtude o seu próprio rosto, ao mal a sua própria imagem, e a cada século e a cada encarnação do tempo a sua forma e seu cunho..."

Rei: "(...)Para que serve a misericórdia senão para olhar de frente o rosto do pecado?"(...)


domingo, 4 de agosto de 2019

Henry David Thoreau, Walden ou a Vida nos Bosques, 1854.

"Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os factos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que ela tinha a ensinar-me, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido. Não desejaria viver o que não era vida, sendo a vida tão maravilhosa, nem desejava praticar a resignação, a menos que fosse de todo necessária. Queria viver em profundidade e sugar toda a medula da vida, viver tão vigorosa e espartanamente a ponto de pôr em debandada tudo o que não fosse vida, deixando o espaço limpo e raso; encurralá-la num beco sem saída, reduzindo-a aos seus elementos mais primários, e, se esta se revelasse mesquinha, adentrar-me então na sua total e genuína mesquinhez e proclamá-la ao mundo; e se fosse sublime, sabê-lo por experiência, e ser capaz de explicar tudo isso na próxima digressão."

"À medida que uma pessoa simplificar a sua vida, as leis do universo hão-de parecer-lhe menos complexas, a solidão deixará de ser solidão, a pobreza deixará de ser pobreza, a fraqueza deixará de ser fraqueza. Se construístes castelos no ar, não terá sido em vão esse vosso trabalho; porque eles estão onde deviam estar. Agora, por baixo, colocai os alicerces."

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Octavio Paz, O Macaco Gramático, 1974

"A poesia alimenta-nos e aniquila-nos, dá-nos a palavra e condena-nos ao silêncio. É a percepção necessariamente momentânea (não resistiríamos muito mais) do mundo sem medida que um dia abandonamos e ao qual regressamos ao morrermos. A linguagem crava as suas raízes nesse mundo mas transforma os seus sucos e reacções em signos e símbolos. A linguagem é a consequência (ou a causa) do nosso desterro do universo, significa a distância entre nós e as coisas. É também o nosso recurso contra essa distância."

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Italo Calvino, Se numa noite de inverno um viajante, 1979.

"- Eu também sinto a necessidade de reler os livros que já li - diz um terceiro leitor -, mas em cada releitura parece-me ler pela primeira vez um livro novo. Serei eu que continuo a mudar e vejo coisas novas que antes não tinha notado? Ou a leitura é uma construção que ganha forma juntando um grande número de variáveis e não se pode repetir duas vezes de acordo com o mesmo desenho? Sempre que tento reviver a emoção de uma leitura anterior, obtenho impressões diferentes e inesperadas, e não reencontro as anteriores. Em certas alturas parece-me que entre uma leitura e outra existe um progresso: no sentido por exemplo de penetrar mais no espírito do texto, ou de aumentar a distanciação crítica. Noutras alturas em contrapartida parece-me conservar a lembrança das leituras do mesmo livro uma junto da outra, entusiásticas ou frias ou hostis, dispersas no tempo sem uma perspectiva, sem um fio que as una. A conclusão a que cheguei é de que a leitura é uma operação, sem objecto; ou que o seu verdadeiro objecto é ela própria. o livro é um suporte acessório ou inclusivamente um pretexto."



...


(...o romance mais assombroso e genial que alguma vez li!)

domingo, 18 de novembro de 2018

Estreia: Parece que o Mundo, 22,23 e 25 no Teatro S.Luiz



Estreio na próxima quinta "Parece que o Mundo":

A coreógrafa Clara Andermatt junta-se ao pianista e compositor João Lucas, seu colaborador de longa data. Uma cumplicidade criativa em permanente atualização, alimentada pelo questionamento das relações expressivas entre o movimento e a música. Parece que o Mundo, inspirado na obra Palomar, de Italo Calvino, é uma montra que nos aproxima do mundo que observa e é observado. Conjugando intuição e pensamento metódico, a atenção às coisas movimenta-se pela imensidão daquilo que parece – quer nas relações mais amplas com o cosmos ou com o infinito, quer no âmbito mais restrito das observações quotidianas, construindo os seus símbolos e os seus significados. Com um elenco de bailarinos e músicos, esta peça, tal como a obra que a inspira, movimenta-se em três planos distintos: o da observação, o da narrativa e o da meditação.

DIREÇÃO Clara Andermatt COCRIAÇÃO Clara Andermatt e João Lucas INTÉRPRETES Ana Moreno, Felix Lozano, Gil Dionísio, Joana Guerra, João Madeira, Jolanda Löellmann e Liliana Garcia CENOGRAFIAArtur Pinheiro FIGURINOS Ana Direito DESENHO DE LUZ José Álvaro Correia BANDA SONORA ELETRÓNICAJonas Runa PRODUÇÃO EXECUTIVA ACCCA – Companhia Clara Andermatt APOIOS O Espaço do Tempo, Musibéria, Estúdios Vítor Córdon CNB-TNSC, Jazzy Dance Studios, Playbowling de Cascais, Teatro do Bairro APOIO À DIVULGAÇÃO Antena 2, Lisbon Arte Hotel COPRODUÇÃO Cine-Teatro Louletano, Teatro Municipal do Porto,  Companhia Clara Andermatt e São Luiz Teatro Municipal

foto:Estelle Valente

domingo, 23 de setembro de 2018

"sem palavras nem coisas", António Franco Alexandre, 1974.


https://www.youtube.com/watch?v=1BNiOfHy9Fk

Desde Janeiro temos estado a trabalhar António Franco Alexandre, alojados
em sem palavras nem coisas. Cientes da sua construção até ao ínfimo e de
que desejaríamos um espectáculo como o poema, críptico e epifânico.
Dialógico, entre os metais e as madeiras dos nossos instrumentos.
Guiou-nos primeiro a percepção de uma música a intuir no verso, mediante um
processo de cristalização tonal do discurso. Não menos importante, o mergulho
livre no corpo lexical que o autor visita e comuta: fomos pálpebra, flanco,
mansidão, noite espessa, veias abertas, redes mornas, asas misturadas.
Largas doses de especulação musicológica acabaram em abandono perante a
força de muito do que produzíramos espontaneamente, sempre que soubemos
ouvir. Discernir o tema, continuar a ouvi-lo, cada um na sua cidade, em diferido.
Aceitar que o tema nos escolhe. Reiterar-lhe o nome: mansidão dos pulsos ou
acendo o amor.
Houve um tempo grato, quase luxuoso, de repetição e miscigenação, e um
menos grato, divisivo e mental. Por via da composição em tempo real, escuta e
decantação, chegámos a este sem palavras nem coisas e a uns quantos
possíveis lados b. O decisivo do trabalho, fizemo-lo no Laboratório de
Computação Sonora e Musical da FEUP e no O'Culto da Ajuda, sede da Miso Music. Agradecemos
aos nossos interlocutores, Rui Penha e Miguel Azguime; se nos lançamos hoje
em assalto à beleza, entre o plano e o acidente, é também por vossa causa.
João Madeira
Constança Carvalho Homem
Setembro, 2018
YOUTUBE.COM
de João Madeira e Constança Carvalho Homem a partir de António Franco Alexandre O’culto da Ajuda Miso Music Portugal art music centre because…

domingo, 16 de setembro de 2018

sem palavras nem coisas . João Madeira e Constança C. Homem

22 de Set. de 2018 21:30

O'culto da Ajuda

22 de Setembro de 2018 | 21h30 |
 O'culto da Ajuda | Lisboa

SEM PALAVRAS NEM COISAS . João Madeira e Constança C. Homem

«sem palavras nem coisas», de 1974, é um exemplo ímpar do ofício de António Franco Alexandre. Poema improvavelmente maturo, assume-se como exercício ficcional e privilegiado território plástico, sonoro. Na afinidade procurada entre voz e contrabaixo, João Madeira e Constança Carvalho Homem apresentam os frutos de uma residência guiada por três grandes questões: como tornar audível o sentido sem desvirtuar uma estratégia inerente de camuflagem? que alusões musicais poderão estar presentes, espessar a vocação performativa do poema? que compromisso entre plano e entropia, improvisação e partitura?

de João Madeira e Constança Carvalho Homem
a partir de António Franco Alexandre

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Golfo Místico - Transição @ Zaratan, Lx, Festival Múltiplo, 16/08/2018

Resta-me lembrar-vos que esta quinta 16, na Zaratan acontecerá um momento único. Vou dirigir um ensemble de músicos Grandes - Carlos Zingaro no violino, Miguel Mira no violoncelo em 4ªs, Paulo Curado na flauta, José Bruno Parrinha nos clarinetes, Bb e Baixo, Constaça C. Homem com a sua voz e Nuno Morão com percussões, - para juntos fazermos a banda sonora da performance da Helen Ainsworth e os seus bonecos de papel, elaborados em tempo real, tal como a música...! Todos teremos presente um dos temas mais importantes, pessoal e profissionalmente, para a Helen - a Rhapsody in Blue de G. Gershwin... especialmente eu e a minha "composição", na qual haverão muitas surpresas...
- É assim que funciona o Golfo Místico!
Algumas coisas posso prometer: os músicos tocarão nas suas sete quintas, porque os conheço muito bem(!) e a Helen está entusiasmadíssima com improvisar a partir de uma das suas músicas da vida!... Não percam, por favor, no Fetival Múltiplo 2018!


domingo, 12 de agosto de 2018

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Homem Madeira

O trabalho fascinante que tenho desenvolvido com a Constança C. Homem e que promete novidades ainda para 2018 e quiçá, 2019!

https://soundcloud.com/homemmadeira/em-maio

Ouçam! Opinem o que aprouver...!

Em progresso, e residência artística na FEUP durante a próxima semana...

O caldeirão vai ferver!

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, 1927. Vol.7, O Tempo Reencontrado



"Mas, ao menos, se tais forças me fossem concedidas pelo tempo suficiente para realizar a minha obra, não deixaria acima de tudo de descrever nela os homens, ainda que tal os fizesse parecerem-se com uns seres monstruosos, uns seres que ocupam um lugar tão considerável comparado com o tão restrito lugar que lhes está reservado no espaço, um lugar de facto desmedidamente prolongado, visto que, como gigantes imersos nos anos, eles atingem simultaneamente épocas tão distantes, entre as quais tantos dias ocuparam o seu lugar: no Tempo."

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

João Madeira Cv Curriculum Vitae

JOÃO MADEIRA
Musician Composer
Calçada da Memória, 44 A
1300-398 Lisbon, PORTUGAL
+351(PT) 916455068
 
EDUCATION
- National Conservatory Music School, Lisbon. Doublebass Teacher – João Panta-Nunes.
- Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Graduated in Musicology, 2003. Teachers -Rui Vieira Nery, Salwa Castelo Branco, Mário Vieira de Carvalho.

Professional experience
- Investigator on the research for the aplication of the Fado heritage by Unesco, 2004.
- Coordinator of the Music Sector in INATEL headquarters, 2006.
- Since 2003, teacher in private and public schools (in Lisbon and O’Porto) - music teory, music initiation, music expression, music history, music education, áudio/multimédia, studio introdution, choir conductor, piano, guitar, bisel flute, ukelele, bass and doublebass.

 
 
Theater
2004, As aventuras do Grão de Bico, O Bando, Musician interpreter.
2005, A Fábrica de Nada, Artistas Unidos, Dir. Jorge Silva Melo, Musician/performer.
2007, Agora Eu Era, Companhia de Teatro do Chapitô, Co-creator, Musician, Actor.
2009, O Ginjal, Casa Conveniente, Dir. Mónica Calle, Musician/performer.
2012, As ruas estão tão tristes..., Divas Iludidas, Musician/performer.
2013, Para Acabar, A. Artaud, Constança C. Homem & JM, Co-creator, Actor, Musican.
2014, Grande Noite do Fado, Divas Iludidas, Musician/performer.
2015, Recital Popular, João Madeira & Margarida Mestre & local comunity, Festival do Silêncio, Co-creator, Musician/performer.
2016, A História do Urso e do Gato Selvagem, Corpo-de-Hoje, Dir. Ana Borges, Performer, Actor.
2017, Recital Popular II, João Madeira & Margarida Mestre and local comunity, Festival do Silêncio, Co-creator, Musician/performer.
 
Video/cinema
2012, A África de José de Guimarães, Jorge Silva Melo & Miguel Aguiar, Artistas Unidos / Guimarães 2012, Original Music.
2013, O Antropomorfo, Vítor Alves & Miguel Aguiar, LxFilmes, Original Music.
2017, A Travers Souto, Eduardo Souto de Moura Architecture, Catherine Dethy, Alexandre Caldara, João Madeira, Luc Gobyn, Les Autres / Piningobini, Original Music.

Other Skills and experiences
1999, Workshop Choral Conduction, José Robert.
1998-2003, Portuguese Literature optional disciplines, U.N.L. – F.C.S.H, Teachers - Clara Crabbé Rocha, Isabel Allegro de Magalhães.
2002, ...E a lua forma-se luar, João Madeira, Aríon Publicações / Assírio&Alvim, a poetry book.
Since 2005, Musician Coordinator in GDA, Gestão dos Direitos dos Artistas.
2006, Research on Viola Campaniça, João Madeira & Pé de Xumbo, Program for 1 year borrowed traditional instruments.
Since 2012, MIA, Encontros de Música Improvisada da Atouguia.
2012, Vasco da Gama, Harmattan Theater, Live Street Performance in Lisbon.
Since 2013, Improchamber, Paulo Chagas, Composition for an Improvisers suite , Atouguia da Baleia’s Church, Musicians – Carlos “Zíngaro”, Miguel Mira, Paulo Chagas, Paulo Curado, Fernando Simões.
Since 2015, Member of Granular, Associação de Músicos Improvisadores.
2015, Superterz – Insomnia Sessions – Maus Hábitos, Porto, Musicians - Marcel Vaid, Ravi Vaid, Simon Berz, Koho Mori-Newton, Carlos “Zíngaro”, Hilaria Kramer.
2016, Pedra Papel Tesoura, João Madeira & François Choiselat (Vibraphone), Flores do Cabo, Sintra, 4 Live Improvisations / Multidisciplinary Performances – with Dance, VideoArt live acting, Puppets live acting, and Human Voice – Rita Maria.
2016, Vexations, Erik Satie, world debut presentation, Eduardo Sérgio score interpretation, Sintra.