segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Franz Kafka, Investigações de um Cão, 1922.

"(...) E a verdade é que as coisas mais absurdas passaram a parecer-me, neste mundo absurdo, mais verosímeis do que as coisas lógicas, e além disso particularmente férteis para uma investigação autêntica."

domingo, 30 de outubro de 2011

Arnold Schoenberg, Harmonia, 1949.

"(...)O aluno aprenderá a conhecer a única coisa que é eterna: a mudança; e o que é transitório: a existência. Dar-se-á conta, assim, de que muito do que se tem tido por estética - ou seja, por fundamento necessário do belo -, não está sempre alicerçado na essência das coisas."

domingo, 23 de outubro de 2011

Michel Foucault, As Palavras e as Coisas, 1966.

"Conhecer um animal ou uma planta, ou uma coisa qualquer da terra, é recolher toda a espessa camada dos signos que foram colocados nelas ou sobre elas; é reencontrar também todas as constelações de formas em que elas ganham um valor heráldico. (...) Saber, consiste pois, em referir a linguagem à linguagem. Em restituir a grande planície das palavras e das coisas. Em fazer falar tudo. Isto é, em fazer nascer, por sobre as marcas, o discurso ulterior do comentário. O que é próprio do saber não é nem ver nem demonstrar mas interpretar. Comentário da Sagrada Escritura, comentário dos Antigos, comentário dos relatos das viagens, comentário das lendas e das fábulas: não se pede a cada um destes discursos que faça valer o seu direito de enunciar uma verdade; não se requer dele senão a possibilidade de falar sobre si. A linguagem tem em si mesma o seu princípio interior de proliferação."
(tradução de António Ramos Rosa)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Thomas Mann, Doutor Fausto, 1947. Parte II

"Todos desataram a rir, incluíndo Adrian que, no entanto, conservava no teclado as mãos cerradas, inclinando a cabeça por cima delas. - Oh P.!, tu és muito burro! - disse B. - Ele improvisava. Será que não consegues compreender isso? São coisas que ele inventou de um instante para o outro. - Como é possível inventar de uma só vez tantos tons, à direita e à esquerda? - defendeu-se P. - E como pode ele afirmar que não é nada, embora toque aquilo? Não se pode tocar o que não existe. - Pode-se, sim - replicou B. conciliadoramente. - É possível tocar o que ainda não existe."

Thomas Mann, Doutor Fausto, 1947. Parte I

    "O que é isso? - Nada - respondia o executante, sacudindo brevemente a cabeça com um movimento semelhante ao que se faz para espantar uma mosca. - Como é que pode ser nada, se você o toca? - voltou o outro a perguntar- - Ele está a improvisar - explicava inteligentemente o enorme B. - A improvisar? - exclamou P., sinceramente assustado, enquanto os seus olhos azul-marinho olhavam de esguelha para a testa de Adrian, como se esperasse descobrir ali sinais de febre alta."(...)