domingo, 13 de novembro de 2011

II Arthur Schopenhauer, O Mundo como Vontade e Representação, 1819.

"Bastante feliz aquele que guarda ainda um desejo e uma aspiração: ele poderá continuar essa passagem eterna do desejo à sua realização, e dessa realização a um novo desejo; quando essa passagem é rápida, é a felicidade; e é a dor quando é lenta..."

I Arthur Schopenhauer, O Mundo como Vontade e Representação, 1819.

"Cada um julga-se a priori absolutamente livre, e isso em cada um dos seus actos, isto é, crê que pode a todo o momento mudar o curso da sua vida, por outras palavras, tornar-se um outro. É apenas a posteriori, após experiência, que ele constata, para grande espanto seu, que não é livre, mas está submetido à necessidade; que apesar dos sues projectos e das suas reflexões, ele não modifica em nada o conjunto dos seus actos, e que, duma ponta à outra da sua vida, ele deve revelar um carácter que não aprovou e continuar um papel já começado."

sábado, 12 de novembro de 2011

Antonin Artaud, O Teatro e o seu Duplo, 1938.

"Antes de mais nada, necessitamos de viver, necessitamos de acreditar no que nos faz viver e em algo que nos faz 'viver', acreditar que não estamos condenados a que este indefinido produto do misterioso íntimo de todos nós para sempre nos obceque com uma ansiedade exclusivamente gástrica. O que pretendo frisar é que, se o que mais nos importa é comer, de maior importância será ainda não consumir unicamente em tal, todo o nosso mero potencial de fome."

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ulisses, James Joyce, 1922.

"Cerca daquele presente tempo o jovem Stephen encheu todas as taças que estavam vazias de modo tal que pouco teria ficado se os mais prudentes não se tivessem afastado da aproximação dele que tanto diligenciava e que, orando em intenção do sumo pontífice, os exortou a brindar ao vigário de Cristo que, conforme disse, tamém é o vigário de Bray. Ora agora bebamos, disse ele, desta taça e tragai este hidromel que do meu corpo não é certamente parte mas sim encarnação da minha alma. Deixai o pedaço de pão para aqueles que só de pão vivem. Nem tenhais medo de qualquer desejo pois isto mais os consolará que outra coisa vos consternará. (...) As suas palavras foram então como seguem: Sabei, todos os homens, disse ele, que as ruínas do tempo constroem as mansões da eternidade. O que significa isto? O vento do desejo sopra sobre o espinheiro mas depois vem da sarça uma rosa sobre a cruz do tempo. Prestai-me atenção agora. No ventre da mulher a palavra faz-se carne, mas no espírito do que gera, toda a carne que passa se transforma na palavra que não passará."

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver, 1745.

"Mas, diz-me agora, de boa fé: a vossa 'razão' é a verdadeira razão? Não será antes um talento com que a natureza vos dotou para aperfeiçoardes todos os vossos vícios?" - pergunta o Cavalo a Gulliver.

Louis Aragon, Aureliano, 1944.

"Se se olhou um homem até não se ver nele senão o que o torna diferente dos outros, o particular, é perturbante verificar com tanta maior força quanta geralmente o esquecíamos, que o essencial nele é o que o assemelha aos outros."