domingo, 23 de outubro de 2011

Michel Foucault, As Palavras e as Coisas, 1966.

"Conhecer um animal ou uma planta, ou uma coisa qualquer da terra, é recolher toda a espessa camada dos signos que foram colocados nelas ou sobre elas; é reencontrar também todas as constelações de formas em que elas ganham um valor heráldico. (...) Saber, consiste pois, em referir a linguagem à linguagem. Em restituir a grande planície das palavras e das coisas. Em fazer falar tudo. Isto é, em fazer nascer, por sobre as marcas, o discurso ulterior do comentário. O que é próprio do saber não é nem ver nem demonstrar mas interpretar. Comentário da Sagrada Escritura, comentário dos Antigos, comentário dos relatos das viagens, comentário das lendas e das fábulas: não se pede a cada um destes discursos que faça valer o seu direito de enunciar uma verdade; não se requer dele senão a possibilidade de falar sobre si. A linguagem tem em si mesma o seu princípio interior de proliferação."
(tradução de António Ramos Rosa)

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